Trilha sonora confusa e história fraca: o filme de Minecraft aprende as lições erradas com Super Mario Bros
Seis pessoas assinam o roteiro do novo filme de Minecraft. E, mesmo com tantos nomes envolvidos, o resultado é uma narrativa desorganizada, cheia de mudanças de tom e becos sem saída. A produção passou anos em diferentes fases de desenvolvimento, o que explica o aspecto de história reescrita várias vezes. E, infelizmente, isso se reflete em cada minuto do longa.
Durante a exibição, fica evidente o desejo de transformar o filme em um sucesso mundial. Para isso, os criadores copiaram muitas ideias do maior sucesso de bilheteria entre adaptações de jogos: Super Mario Bros de 2023. Só que essa tentativa não funcionou como planejado.
Músicas dos anos 80 em Minecraft repetem erro de Super Mario
Em um primeiro momento, seguir a fórmula de um filme que arrecadou bilhões parece uma decisão inteligente. Super Mario Bros foi um sucesso entre o público, mesmo com críticas mornas. Porém, o longa teve dificuldades em construir uma história envolvente a partir de décadas de conteúdo dos jogos.
Uma das escolhas mais estranhas foi a trilha sonora repleta de músicas pop dos anos 80. A ligação com essa década é vaga, baseada apenas no lançamento do primeiro jogo do Mario em 1985. A franquia sempre teve identidade musical própria, com as composições marcantes de Koji Kondo, e nunca precisou apelar para esse tipo de nostalgia forçada.
O filme de Minecraft comete o mesmo erro. Mesmo sendo um jogo lançado em 2011, a produção insiste em inserir essas músicas sem justificativa. O mais curioso é que o filme conta com uma trilha original assinada por Mark Mothersbaugh, mas ela é constantemente abafada por escolhas musicais genéricas e fora de contexto.
Jack Black em Minecraft tenta repetir sucesso de Mario e falha
Se a trilha sonora de Super Mario Bros decepcionou, a atuação de Jack Black como Bowser foi um dos pontos altos do filme. O ator se entregou ao personagem com uma performance intensa, divertida e bem trabalhada. Além disso, ele protagonizou a canção “Peaches”, que viralizou nas redes e se tornou um marco da produção.
Por isso, era de se esperar que a presença de Jack Black em Minecraft fosse usada de forma semelhante. Mas o resultado é bem diferente. Interpretando Steve, o ator exagera nas piadas, improvisações e caretas. O filme parece incentivar esse excesso, talvez por conta da parceria com o diretor Jared Hess, de Nacho Libre.
Apesar de alguns momentos engraçados, o desempenho de Black não contribui para a narrativa. Pelo contrário, desvia a atenção e quebra o ritmo da história. Um dos piores exemplos é a música “Steve’s Lava Chicken”, criada para tentar emplacar outro hit viral. O problema é que a cena para tudo apenas para essa tentativa forçada de humor, o que soa forçado e pouco criativo.
Referências não substituem enredo consistente
Outro problema evidente tanto em Super Mario Bros quanto em Minecraft é a ideia de que referências visuais e citações são suficientes para agradar o público. Em Mario, vemos cenas rápidas que tentam cobrir momentos importantes da franquia, como o duelo com Donkey Kong ou a visita à mansão assombrada de Luigi. Tudo é tratado com pressa, o que impede que essas passagens ganhem força como narrativa.
Minecraft segue o mesmo caminho. Em vez de desenvolver uma história própria, o filme gasta boa parte de seu tempo apenas citando elementos do jogo. Jack Black menciona nomes de personagens e locais como se estivesse apresentando um vídeo de curiosidades na internet. E o filme ainda pausa para dar espaço às reações da plateia, como se bastasse reconhecer algo para a cena funcionar.
Essa abordagem superficial empobrece o roteiro e desperdiça a chance de criar algo realmente envolvente. A tentativa de repetir o que deu certo em Super Mario Bros acaba deixando o filme de Minecraft sem identidade própria.
Nota:
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